sábado, 16 de fevereiro de 2013

A VOZ DO PASTOR


Considerações a respeito de uma renúncia.

O Papa Bento XVI surpreendeu a Igreja e ao mundo com a sua renúncia manifestada no Consistório dos Cardeais. Ao impedir o vazamento de sua iniciativa estava afirmando que era um ato totalmente livre e consciente sem nenhuma influência ou coação tal como exige o cân. 332 que regula a renúncia de um Papa. Uma decisão legítima e ponderada que revela primeiramente a sabedoria e a prudência de quem avalia suas forças e as confronta com as exigências e as responsabilidades de seu ministério crucial e essencial para a Igreja. Mais este ato nos apresenta também uma alma límpida, sincera e humilde que não tem medo de expor suas fragilidades e limitações. Outro aspecto a considerar por sua atualidade é o desprendimento e a generosidade, abrir mão de sua posição e de seu poder grandioso de liderança espiritual e social, para retirar-se como São Celestino V, a oração e ao trabalho reflexivo e silencioso, pensando no bem comum da Igreja e no melhor e eficaz exercício do ministério pertinho por um Papa com novo vigor. Nestes tempos em que a luxúria e a vontade de poder são escancaradas por lideranças civis é altamente edificante olhar para uma pessoa que nos mostra um total desapego e pensa evangelicamente que o poder é serviço, tendo que ser exercido sempre para o benefício e o bem de todos, para a construção de uma humanidade nova, justa e reconciliada. Sua renúncia foi por outra parte condizente com seu lema e sua vida a frente da Igreja, ser apenas um trabalhador a mais na Vinha do Senhor, exemplificando essa atitude com o urso com uma sela de cavalo que faz parte de seu brasão papal. Somos todos instrumentos e servidores de Deus, o importante não é apenas o cargo, mas o nosso despojamento e libertação do orgulho, vaidade e arrogância que tanto atrapalham o mundo eclesial e o da política mundana. Bento XVI sai com a cabeça erguida e a convicção de ter dado o melhor de si, que o Senhor o proteja e lhe dê a justa recompensa por o bem realizado em prol da Igreja e de toda a humanidade.
Deus seja louvado!


Campos dos Goytacazes, 12 de Fevereiro de 2013.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Quarta-feira de Cinzas

Início do Tempo da Quaresma. Tempo de recolhimento, oração e escuta.

Com a imposição das cinzas, se inicia uma estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal, quer dizer, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.
Este tempo vigoroso do Ano litúrgico se caracteriza pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: "Convertei-vos". Este imperativo é proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras "Convertei-vos e crede no Evangelho" e com a expressão "Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás", convida a todos a refletir sobre o dever da conversão, recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

A sugestiva cerimônia das cinzas eleva nossas mentes à realidade eterna que não passa jamais, a Deus; princípio e fim, alfa e ômega de nossa existência. A conversão não é, com efeito, nada mais que um voltar a Deus, valorizando as realidades terrenas sob a luz indefectível de sua verdade. Uma valorização que implica uma consciência cada vez mais diáfana do fato de que estamos de passagem neste fadigoso itinerário sobre a terra, e que nos impulsiona e estimula a trabalhar até o final, a fim de que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e triunfe em sua justiça.

Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Esta tradição da Igreja ficou como um simples serviço em algumas Igrejas protestantes como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma desde a segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.
SANTA MISSA DAS CINZAS  dia 13/02/2013 às 18:00h.

Bento XVI anuncia sua renúncia como Papa

Rádio Vaticano

O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira, 11, que vai renunciar à sua função como Papa no dia 28 de fevereiro. Veja abaixo o texto integral do anúncio:

Caríssimos Irmãos,

"Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus".

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

Bento XVI