Já estamos como Igreja Católica em situação de Sede Vacante, conjuntura transitória que deve proceder a escolha de um novo Papa. Este Conclave tem como característica marcante e original o fato de ser convocado não pela morte de um Papa mas pela renuncia deste, condição prevista e legítima mas no entanto extraordinária, pois a última de apenas cinco, aconteceu a 600 anos. Ainda será o segundo do Terceiro Milênio num momento histórico crucial, de crise civilizacional e de mudança de época. Diante de uma cultura cosmopolita, laicista e notadamente individualista expressão de uma globalização financeira excludente e desigual, a Igreja através de 115 Cardeais eleitores irá escolher o Sucessor de Pedro. Pensar no perfil do próximo Papa é uma tarefa difícil e complexa pois conjuga as demandas espirituais dos cenários acima descritos mais os fatores e exigências que deve possuir aquele que vai desempenhar o múnus petrino. Certamente que terá que possuir o dom de línguas, não apenas ser poliglota mas a capacidade de comunicar-se abertamente com as diversas culturas e mentalidades, viabilizando o diálogo fé e cultura, razão e crença, defendendo a laicidade legítima e a liberdade religiosa juntamente com os direitos de Deus. Apresentará uma visão e olhar cada vez mais cosmopolita e universal passando da matriz européia para acolher com simpatia e amor as nações da Ásia, da África e da Oceania, dando força para a Missão Continental na América Latina o grande compromisso de Aparecida. Oferecerá ao mundo o grande presente do anúncio de Cristo, contextualizado e sempre fascinante, o único capaz de preencher o abismal deserto espiritual em que nos encontramos. Tornará a Cúria Romana um instrumento e sinal de serviço e comunhão, simplificando seus procedimentos e estruturas, visibilizando suas práticas e intensificando a participação de todas as Conferências Episcopais. Continuará a ser um peregrino e um pescador, fazedor de pontes, e batedor de novos caminhos e estradas, sendo o pároco bondoso e hospitaleiro da aldeia mundial, ajudando a família humana a reencontrar-se na paz e no amor de Deus. Mas o mais importante é que seja como afirmava Catarina de Sena: “ o doce rosto de Cristo aqui na terra”, para todas as pessoas e criaturas do planeta. Deus seja louvado !
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